Reportagem sobre a Death Road (Estrada da Morte), Downhill em La Paz, Bolivia

Downhill Death Road - Bolivia

3345 metros de descida vertical, em 64 quilómetros de distancia de puro Down Hill!!

Partida de La Cumbre nos 4640m de altitude, 30 kilometros de Asfalto rápido, chegada a Chuspipata e inicio da "Estrada da morte" com caminhos de lama, pedra e pó, e chegada final a Yolosa, nos 1295 metros de altitude.

A melhor e mais perigosa viagem de bicicleta da vossa vida, em La Paz, Bolivia!

Leia aqui toda a reportagem da descida feita pelo autor:



SOBREVIVI!! 

Antes de chegar a La Paz já tinha escutado algo sobre a "Estrada da Morte", ou "Estrada mais perigosa do Mundo", através de algumas pessoas que a tinham atravessado, e a ideia na altura nao me pareceu agradável.

Milhares de pessoas já morreram nessa estrada ao longo dos anos. Dos relatos que ouvi de outras pessoas, que a tinham feito de jipe, foram todos de uma viagem assustadora. Na altura tinha escutado também que era possivel fazer de bicicleta, mas não me tinha entusiasmado a ideia de pedalar em zona de selva, embora tivesse algumas saudades de andar de bicicleta, visto também ter uma em casa e praticar com alguma regularidade (na altura não sabia que era um percurso sempre a descer).

Tive a sorte de, em La Paz, ficar hospedado ao lado de uma empresa especializada no Down Hill da "Estrada da Morte", e a ideia de o fazer ocorreu-me no exacto momento em que, passando pela entrada da empresa, vi uma bicicleta de Down Hill, que mais parecia uma mota, e no meu entusiasmo de praticante, decidi ali mesmo que tinha de andar naquela bicicleta e assim foi que acabei por o fazer.

Para quem quer fazer o Down Hill da "Estrada da Morte", convém fazê-lo com uma empresa reputada, e de preferência, com boas bicicletas. Na compra do tour, a empresa não nos engana - é um percurso perigoso, e convém fazê-lo com cuidado, embora aja espaço para nos divertirmos, e divertiremo-nos certamente...se não morrermos. Em média tem morrido 3 turistas por ano a fazer o Down Hill, pelo que no exacto momento que compramos o tour, uma ansiedade estranha percorre as nossas veias.

Antes de iniciar as fotos e as explicações, só dizer que esta experiência foi sem dúvida um dos pontos altos da minha viagem, pelo divertimento, adrenalina e susto que me proporcionaram. Aconselho vivamente este tour a quem tem prática de bicicleta e quer ter uma experiência única; e que o façam com uma empresa reputada, pois os guias são de enorme importância para a nossa segurança.

 Só referir que todas as fotos sao tiradas pelo motorista da carrinha que nos leva, o que para mim foi óptimo, pois pude divertir-me descansado sem pensar em fazer a reportagem fotográfica. E tambem foi chuva quase todo o dia .

Iniciamos o dia às 8 da manhã, na empresa, com as apresentações, prova dos fatos, capacetes, luvas, e inicio da adrenalina. Tudo pronto, e todos para a carrinha em direccao a La Cumbre.


Chegada a La Cumbre, nos seus 4640 metros de altitude, nevoeiro, e frio.
É-nos dada uma palestra sobre como devemos fazer o tour, regras de seguranca, como utilizar melhor as bicicletas, e escolha das mesmas, atendendo o tamanho (esta empresa tem duas opções de bicicleta, com diferentes preços: 65 dólares, e 55 dólares, é o preco total do tour, atendendo à bicicleta. A de 65 dólares tem suspensão frontal e traseira, e foi essa com que fui, e é essa que aconselho).


Aqui estou eu na conversa com o guia, quando ele me entragava a minha bicicleta.


Foto de grupo antes da partida. O meu grupo era pequeno, e como tal só havia um guia. Os grupos podem ir até 30 pessoas, sendo que com essa quantidade, vão vários guias, que depois se dividem em grupos de mais rápidos e mais lentos.


Os primeiros 30 Kilometros são em Asfalto rápido, e embora não aja terra, é também bastante divertido fazer todas as curvas rápidas, com uma vista sobre as montanhas e vales do outro mundo, pese embora o nevoeiro.


No trajecto de Asfalto temos duas paradas forçadas. Uma num controle de Coca (que serve para o governo Boliviano prevenir o transporte de coca para fora da zona do Altiplano, já que o governo apenas permite a venda de folha de coca nas zonas altas da Bolivia), e outra para pagar entrada num parque. E eu na foto a falar com o meu guia sobre as curvas que tínhamos dado.


Sala pequena onde pagamos a entrada no parque.


Uma pequena paragem (o trajecto é longo, e demora-nos todo o dia, pelo que se fazem várias paragens).


Chegada ao inicio do troço da "Estrada da Morte"; fazemos uma pequena paragem para comermos algo, e para uma nova advertência para os cuidados que devemos ter. Um dos avisos, novo, era que tínhamos de andar pelo lado esquerdo da estrada, pois essa era a regra para quem descia. Como vão ver pelas fotos, não é a regra que nos deixa mais felizes.

Inicio da estrada da morte - La paz, Bolivia

Inicio da "Estrada da Morte".

Downhill da estrada da morte - Bolivia


A estrada tem a largura que vêm e vão ver. Do lado esquerdo, em todo o trajecto, é uma ravina na vertical, que significa a morte para quem lá cai. O ponto mais alto tem 600 metros de ravina vertical!




Downhill da Estrada da Morte, bicicleta contra automóvel
Há normalmente 3 maneiras de morrer de bicicleta nesta estrada. Cair pela ravina por não conseguirmos dar a curva, chocar contra um carro, ou cair na ravina a desviarmo-nos de um carro, mesmo estando parados. O meu guia, na sua responsabilidade, ensinou-nos a desmontar da bicicleta e pôr a bicicleta ao nosso lado esquerdo. O ano passado morreu uma Francesa, quando, depois de parar, tentou chegar-se para a esquerda para um carro passar, caindo assim na ravina.


Nesta curva parámos para um pequeno snack. Nela, morreu um Italiano o ano passado por ir depressa demais e não conseguir dar a curva. Logo a seguir a esta curva, está uma bandeira Israelita na borda da ravina, a assinalar a morte de um Israelita - a primeira do ano.

É de facto impressionante a quantidade de cruzes e memoriais que vemos ao longo da estrada; cada pequeno pedaço tem uma cruz a assinalar a morte de alguém, de camiões e autocarros cheios de gente que cairam na ravina e morreram. Custa a acreditar como esta estrada foi durante anos e anos a única ligação ao Norte da Bolivia por La Paz, e imaginar o trânsito dos dois lados.

Milhares de carros caíram na tentativa de se desviar, por o condutor adormecer, por descuidos. O guia conta-nos várias histórias, e as cruzes e os memoriais ao longo da estrada também.


Ops!! Às vezes acontecia!


Eu na minha descida, com o meu guia a divertir-se a tirar fotos em andamento.


A partir de um ponto a estrada alarga um pouco, no que se tornou a parte mais divertida do trajecto, percorrido a toda a velocidade, comigo a tentar acompanhar o guia. Que adrenalina que foi esta parte!!


Ops!! Um dos perigos, não de morrer, mas de cair, são os cães que na parte final aparecem várias vezes no meio da estrada.
Na minha descida, tive um único susto, com o meu guia, quando numa curva cega vinha na direcção contrária um gajo numa moto 4, mas todos conseguimos travar e nos desviar.


Com toda a água da chuva durante quase todo o trajecto, estas travessias finais dos rios não acrescentaram muito mais água ao meu corpo, e à minha roupa. Mas foram divertidas!


Foto de grupo no final. Chegámos!!!Vivos!!!!!! Começámos no frio, e chegamos no calor da Selva! Também isso uma experiência por sí só.


O nosso motorista e fotógrafo. A viagem de volta, na carrinha, no escuro e nevoeiro, foi das coisas mais assustadoras que tive em toda a minha viagem, comigo e a restante parte do grupo que me acompanhava a pensar que íamos morrer a cada segundo. Sem dúvida a viagem mais longa da minha viagem, se não da minha vida.


Sem dúvida, uma experiencia inesquecivel, em La Paz, Bolivia!!!

4 comentários:

Cão Malinoso disse...

A mim é que não me apanhavas nessa aventura oh chefe! Com as minhas vertigens havia de voltar a pé! Na carrinha é que eu não ia!!! :D

Abraço,
Vasco (ZB)

Unknown disse...

ganda descida, adorava fazer uma assim tambem!!
já agora já morreu algum portugues lá...

forte abraço
(gomes)

Mário Bernardes disse...

Man, muito brutal!!! Por acaso é uma das cenas que já tinha planeado fazer um dia... Vi uma vez num documentário.

Ricardo disse...

Que eu saiba, ainda nao morreu nenhum Portugues nesta descida. O meu guia falou de Israelitas (que ate hoje foram os que morreram mais, e penso que a razao e apenas por serem muitos os que viajam pela America do Sul), Franceses, Italianos, Canadianos...e foram os que me lembro. E os Portugueses, sao poucos, mas bons! hehe
Atalivio